20/06/2008

CINEMA MUDO

O HOMEM DAS NOVIDADES
The Cameraman, 1928
Buster Keaton

Mais uma peça rara do cinema mudo e sem sombra de dúvida, na minha opinião, um dos melhores do Buster Keaton - o palhaço que não ri. Pode parecer estranho, mas é um filme atual,
pois retrata a imprensa e seu "modus-operandi", que já naquela época os repórteres de imagem faziam tudo para ter um furo espetacular de imagem, cuja crítica faz o filme aliado a todas as comuns acrobacias de Keaton. Este filme é uma graça, prefiro muito mais a ele que ao Charles Chaplin [talvez porque ele não sorri e seu olhar é sempre triste], algo que as situações que levariam a algo engraçado e todas as vezes que vejo sinto uma espécie de pesar; algo que o cinema mudo provoca em mim.




CINEMA MUDO

METRÓPOLIS
Metropolis

Fritz Lang, 1927




Um dos meus filmes preferidos, considerado o maior filme de ficção de todos os tempos e sendo uma grande referência para os filmes do gênero, um dos grandes expoentes do expressionismo alemão.

Ambientado no século XXI, no ano de 2026 conta a estória de uma fantástica megalópole, onde operários vivem no subsolo, mantendo maquinários ativos para o bom funcionamento da cidade. Vivem como escravos, não podendo subir à superfície, onde lá vive a casta dominante e capitalista.


Um filme, dos mais caros realizados para a época, nos envolve numa reflexão sobre o profundo conflito entre razão e sentimento humanos, que impressionou muito a Hitller inclusive, que solicitou-o para realizar filmes para o partido nazista. Mas Lang foi para Paris, onde lá produziu filmes de conteúdo antinazista.



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Curiosidades sobre as várias versões :

A versão original lançada em 1927, com cerca de duas horas e meia não existe mais.

Para o lançamento nos EUA, ainda na década de 20, várias cenas foram cortadas não por censura, mas pelo filme ser considerado longo demais. A estória ficou difícil de entender e muitas cenas desapareceram para sempre.

A versão restaurada por Giorgio Moroder, lançada em 1984, com 80 minutos, colorida por computador, com efeitos sonoros e com a inserção de uma trilha sonora mais moderna;

A versão restaurada lançada em 1995 pelo Filmmuseum Munich, em preto-e-branco com trilha sonora baseada na trilha original;

Uma versão de 139 minutos, que no Brasil foi lançada pela Continental Home Video. É uma das versões mais longas e na realidade a mais incompleta de todas. O filme é simplesmente exibido em velocidade muito lenta. Faltam inúmeras cenas, a qualidade das imagens é péssima e a trilha sonora nada tem a ver com o filme.

A versão mais completa de todas, restaurada digitalmente, lançada em 2003 pela Kino International.

Veja o site :

www.kino.com/metropolis

FILMES E PSICANÁLISE...cont...

MR. JONES
Mr. Jones
Mike Figgis, 1993





















Eu gostaria de comentar sobre este filme, mas antes quero registrar pra mim o porque lembrei dele.

MAS VEJA

Obs.: Este parágrafo é uma referência minha pra mim mesma, são associações apenas, que não devem ser interessantes a quem lê, mas fica mais fácil pra mim deixá-las aqui. Se quiser pular para o filme em si, siga no parágrafo seguinte...ok!




Não por ser um filme extraordinário, não, mas pelo tema em si e do porque cheguei hoje até ele. Ouvindo uma música "Me and Mr. Jones" da Amy Winehouse, foi o gatilho inicial, que me fez prestar atenção em quem é o Mr. Jones da música. Parece ser alguém atraente, que deve ter uma personalidade forte e que irrita, mas é realmente amado, apesar de ser uma relação complicada.Da música fui para o filme, que também Mr. Jones é alguém encantador, com um problema chamado 'distúrbio-maníaco-depressivo-bipolar'. Mas até aí fiquei mais presa ao nome do que à estória do filme e fiquei imaginando quanto este nome parece ter um significado que vai além do próprio nome. Já ouvi e vi em alguns lugares, mas continuando as co-relações Mr. Jones do filme me levou a outra música, "Mr. Jones and me" do Counting Crows, cuja letra também fala a respeito do Mr. Jones . Mas ele, desta vez é amigo de alguém que está perdido em todos os sentidos em Amsterdã, mas com forte desejo de ser famoso. Mr. Jones é uma pessoa bacana, alegre e amigo dele, quer que ele seja alguém famoso, mas de certa forma também quer se encontrar. Pulei para um texto que li recentemente sobre a análise do contexto na companhia de uma xícara de chá, que da mesma pessoa me recordei de uma piada sobre o transtorno bipolar (igual ao do Mr. Jones do filme), que me fez rir muito. Do chá fui para outro chá com o nome da marca Mr. Jones, que existe em Amsterdã apenas, até aonde sei, e onde há também loja da marca de relógios Mr. Jones, lindos por sinal. O nome se tornou um emblema pra mim.

O Filme é baseado numa estória de Eric Roth, [ pra quem não conhece é roteirista de vários filmes, dentre eles : Aeroporto 79, Forest Gump, O Mensageiro, Ali, O bom pastor...e muitos outros] que conta sobre Mr. Jones (Richard Gere), encantador, hiper ativo, muito intuitivo, quando está "high" é eloquente, extremamente eufórico. Como é muito inteligente, sabe se colocar muito bem e conquista as pessoas com as quais vai se relacionando. Ele entra numa construção e consegue convencer ao engenheiro da obra que o admitisse para trabalhar como marceneiro. Estando lá, faz amizade com um dos operários e não consegue parar de falar e no ápice de sua euforia, sobe no telhado, brincando e colocando-se em risco. No meio desta crise, foi levado ao hospital psiquiátrico, onde lá conhece sua futura médica psiquiatra, Dra. Elizabeth Libbie Bowen (Lena Olin), que o diagnostica como um psicótico maníaco-depressivo-bipolar, sendo então medicado na emergência.

Inicia-se então esta relação entre médica-paciente, difícil, pois trata-se de alguém intelectualizado, extremamente inteligente e que acredita que não é doente, mas que aquilo faz parte de seu ser. Entre comportamentos cheio de vida e eufóricos, ele não está no paraíso no entanto. Vai de um extremo ao outro muito rápido, com ataques de fúria, comportamentos altamente egocêntricos e megalomania atrapalham sua interatividade. Os maiores problemas no entando surgem com a depressão, a falta de controle da tristeza, que é debilitante e dolorosa e pode levar ao suicídio. Mas o filme mostra o outro lado, da médica, que acaba se envolvendo emocionalmente com seu paciente e mostra-nos a questão ética como fica, mas envereda para o romance entre eles, o que não é meu ponto de referência aqui.

A questão do problema dele é algo que se pode controlar. Mas ela aponta 2 problemas na verdade : um é o controle químico do cérebro, o outro é a dor. Para este, o esforço para se chegar a estes sentimentos é muito mais difícil. É necessário um trabalho de terapia. O tratamento em geral não é para cura futura, mas apenas controle. É como um diabetes ou uma pressão alta.

O que fica na reflexão deste filme é até que ponto somos determinados pela nossa neuroquímica.

Sobre a identidade, como os diferentes estados de ânimo que enfrentamos são determinados por desequilíbrios químicos do cérebro. A aceitação da doença pelo doente, quanto maior for sua intelectualidade, tanto mais complicado será esta aceitação?