BASQUIAT TRAÇOS DE UMA VIDA
Basquiat, 1996 Julian Schnabel
Elenco : David Bowie, Jeffrey Wright, Dennis Hopper, Christopher Walken, Gary Oldman, Benicio Del Toro, Courtney Love, Willem Dafoe
Este filme conta parte da trajetória meteórica deste jovem artista das ruas, principalmente da fase mais conturbada, completamente marginal ao ápice do seu estrelado como um ícone da "Pop-Art", pelas ruas, drogado, Jean Michel Basquiat, americano, nascido no Brooklin, revela todo o seu talento por meio de seus grafites pelas ruas de Nova Iorque, algo não muito comum no início da década de 80. Se auto intitulava "SAMO shit" (Same old shit) e assinava seus grafites assim. Nas mesmas ruas, onde dormia dentro de caixotes de papelão feito mendigo, pelas praças, procurava vender seus mini-quadros feitos como cartões postais.
Na verdade o relato do filme é biográfico, mas em alguns momentos tenta penetrar na mente de Basquiat. As mensagens que SAMO deixava pelas ruas, era algo intrigante, como se fossem profecias, atrás de seus desenhos, assim despertou a curiosidade de alguns "marchands" em conhecê-lo melhor, os jornais já escreviam sobre ele, quem seria este artista anônimo.
Mas foi a partir de Andy Warhol, que Basquiat acabou dando um salto. Foi quando ofereceu a compra dos seus mini-quadros em cartões, que Warhol teve contato com o trabalho de Basquiat, comprando, com um falso desinteresse. Mais tarde, Warhol o apadrinhou, pois reconheceu um genuíno artista e surgiu entre eles grande uma amizade.
O filme não tenta se apegar às suas fraquezas (dependência das drogas, vida boêmia, as prostitutas) ou aos relacionamentos com os famosos (seu namoro com uma cantora desconhecida, Madonna, ou a formação da sua banda chamada Gray, que tocava pelas noites junto com o também desconhecido músico e ator Vincent Gallo), talvez tivesse trazido mais audiência ao filme, mas a opção foi pela subjetividade da narração.
Existem 3 pontos que achei interessante, que talvez possa traduzir as imagens ou idéias de Basquiat : o primeiro, no início do filme, quando criança com sua mãe o leva numa visita a um museu, diante da obra de Picasso, O Guernica, ele se encanta. Quem sabe, foi aí que surgiu o artista. Talvez, quem pode dizer o que pode ter acontecido em sua cabeça. Imagino, que a cena da coroa dourada (é uma figura bastante presente na obra dele), que surge em sua cabeça, que sua mãe enxerga inclusive, seja uma metáfora do porvir. O segundo ponto, uma cena que se repete ao longo do filme, às vezes ele pára, olha para o céu e vê um mar com uma onda alta e um cara surfando nela. Traduzi como sendo as idéias do ambiente sóciocultural que se refletem nele e ele assim as vê. E o terceiro ponto, é no final quando ele conta uma fábula que metaforicamente, só pode estar falando de si mesmo, de sua vida. Acho melhor registrar a cena do que contar a fábula, onde novamente está presente a figura da coroa.
Veja no vídeo :