16/07/2008

FILMES E PSICANÁLISE...cont...

Um Homem de Família
Family Man, 2000 - Brett Ratner

Por vezes nos encontramos pensando sobre os Rumos da nossa vida. Pensamos se a decisão foi a mais positiva (ou não), se tivéssemos dito sim ao invés de não, quando tomamos o rumo escolhido e seguimos adiante e sobre àqueles que devemos por vezes decidir, naqueles momentos cruciais que nos fazem perder o sono, que escolha devemos fazer. São nestes momentos em que paramos de verdade, puxamos o nosso freio e ficamos envolvidos pelas dúvidas que vão surgindo. Os caminhos que seguimos, de tempos em tempos nos faz pensar, se o outro teria sido a melhor escolha, se nele seríamos mais felizes, se teríamos mais progresso, se as coisas seriam mais fáceis...ora! Muitas coisas que escolhemos, nos faz deixar tantas outras pra trás, renunciamos. Por que abrimos mão das coisas que queremos? Sabe aquelas que mais queremos, por que será? Por medo? Por ser difícil? Por covardia? Por falta de paciência? Por não saber persistir? Por comodismo? Por não saber se conduzir? Será que abrir mão é não querer sofrer? Mas se sofre assim mesmo. É inevitável e incontrolável, porque sempre estará fresco na memória, o fato de ter deixado ir aquilo que poderia ser a melhor coisa da sua vida. É isto que advém deste sofrer. Cada caminho é único e quando escolhido, sem volta.


Neste filme, a premissa é basicamente esta. Vemos a vida de um homem que abriu mão de um amor pela sua carreira. Ele é Jack Campbell (Nicholas Cage), que num dado momento de sua vida, cansado de ser o solteiro cobiçado, um homem que é super bem sucedido nos negócios de Wall Street, que possui o que quer de mais luxuoso e requintado, não se sente feliz e justamente na época de Natal, ele recebe uma ligação da sua ex-namorada (da qual amava e abriu mão), depois de vários anos. Sua secretária lhe pergunta se retorna ou não, ele pensa por um breve momento e diz que não, joga o número dela fora e segue pra sua residência.

O que se passa depois é justamente a dúvida, a qual mencionei sobre os caminhos que escolhemos, no caso dele, como se viajasse de uma instância à outra, ele acorda pela manhã com uma mulher (sua ex-namorada), Kate (Téa Leoni) como marido dela, e ainda com dois filhos (uma menina de 6 anos e um bebê) numa casa mediana no subúrbio de Nova Jersey. Ele tenta entender o que está se passando com ele, mas pelo que pôde perceber ele faz parte desta vida, com uma família constituída. Só que sem as lembranças passadas , ele não sabe o que deve fazer, como agir, com a esposa e os filhos, enfim, existe o seu trabalho que ele não sabe o que é ainda e assim vai descobrindo aos poucos destas pessoas. Mas sua primeira tentativa é ir até o lugar onde mora em Nova Iorque, no seu apartamento luxuoso, saber onde está sua Ferrari, ir até o prédio de escritórios na Wall Street onde é diretor da companhia...afinal ele quer sua vida de volta!

Chegando ao prédio de seu apartamento de cobertura, ele se vê barrado e não reconhecido pelo porteiro, que todos os dias lhe puxava o saco. Uma moradora e vizinha sua, passa e lhe esnoba como se ele fosse um pedinte. Isto tudo o deixa atordoado, assim ele volta pra sua "outra casa", sem entender nada. Ele terá que descobrir por si mesmo o que isto deve ser.

Ele vê que esta vida é totalmente limitada financeiramente, sua esposa é uma advogada que trabalha quase de graça, sua casa é hipotecada, o carro da família é uma velha Van e que ele é um vendedor de pneus na loja do sogro. E isto é demais pra ele. Assim, como não tem outro jeito ele vai se adaptando e tentando se ajustar à sua nova condição. Um dia ele vê algumas fitas de video que estão em sua sala, e resolve pegar uma delas pra ver. Esta é do aniversário da sua esposa. Atentamente ele assiste e se vê neste filme como uma pessoa alegre e amado pelos seus amigos e principalmente pela sua mulher. Há uma passagem, em que ele canta uma canção para ela, desafinadamente, mas com tanto amor, e ela o olhando apaixonadamente, que ele assistindo aquela cena, consegue entender o porque de tudo. O amor que ele abriu mão, é aquele que ele está vendo ali, na fita de vídeo e que o faz despertar da dúvida e da monotonia da sua "outra vida". É este amor que ele quer e que não conseguiu com todo o dinheiro que ele conquistou. Ele percebeu que ama de verdade a kate e os filhos dela, que são dele. Ele é inteligente, então acredita que pode conseguir dar uma vida melhor à sua família, ele quer isto e acredita que pode e vai tentar isto. Será que esta é uma nova chance para ele?












Mas subitamente, ele depois de uma noite de sono, retorna à sua antiga vida, no luxuoso apartamento, com sua Ferrari e trabalhando em Wall Street, mas agora com algo novo. A visão do que poderia ter sido. Quem dera púdessemos ter também esta oportunidade, não?