Como havia proposto segue os Poemas, os quais Jérôme sugeriu como um plano, o qual Nagiko propõe ao Editor como "A AGENDA", (pertencerá a uma série de 13 livros tendo como tema "O AMANTE").
O Livrocorpo (Irei colocar nesta parte os primeiros 4 Livros, e assim sucessivamente nos próximos "Posts")
PRIMEIRO LIVRO (escrito no corpo de Jerome)
A AGENDA
No Pescoço
Eu quero descrever o Corpo como um Livro
Um Livro como um Corpo
E este Corpo e este Livro
Será o primeiro volume
De treze Volumes.
No Tórax
A primeira grandeza do livro esta no torso
Sede dos pulmões
Que sopra o vento que seca a tinta
Sede do coração
Que bomba a tinta
Que é sempre vermelha
Antes que seja negra
O coração e dois pulmões são mantidos retos
Perto, mas não se delimitando
Protegidos pela cobertura da caixa torácica
Cobertos por enegrecidos títulos de papel como marca d'água
O sopro da inspiração corre entre eles
Desenhados do ar por sua influência conjunta.
Da Nuca ao Cóccix
Nenhuma função do livrocorpo é singular
Se um serviço múltiplo puder ser realizado
Assim o ar da inspiração
Divide a mesma passagem
Com sais, palavras,
Sentenças, adoçantes, parágrafos
Todos desmoronam em agitação nas páginas ruminantes
Para jazer em fileiras seriadas como hastes de arroz
Num campo, ou os pontos da costura num tatami
Pacientemente aguardando a irrigação
Por água ou visão
Mesma que em mim anos não surja um leitor.
Na Barriga
A segunda grandeza do livro está na barriga
Fábrica para a mistura dos materiais
Um laboratório de seleção e fiação
Retendo e relembrando
Uma editora em fluxo contínuo
Estampada com o corte dentado do umbigo
Raramente ocioso, nunca parado
Dividindo o espaço com preparações
Para o futuro com a ironia da economia
Futuro e passado partilhando a mesma rodovia
Livrocorpo sempre mostrando, na sua história, evoluções.
No Pênis e Escroto
Eu sou a muito necessária
Cauda.
O pedaço-rabo
O sempre reprodutor
Epílogo
O derradeiro parágrafo pendente
Esta é a razão
Para que o próximo livro
Brote.
Jérôme não retorna do seu encontro com o Editor, Nagiko enciumada vai atrás e descobre os dois deitando-se como amantes. Enraivecida, ela procura outros em quem escrever. Assim, da sua procura, surgem dois irmãos suecos nos quais ela escreve: "O LIVRO DO INOCENTE" e o "LIVRO DO IDIOTA".
SEGUNDO LIVRO
O LIVRO DO INOCENTE
No Peito
Este é um livro inocente – não usado e não lido
Um inocente com trezentas páginas branco-leite
E sem ilustrações
Na Barriga
As páginas estão ainda empoeiradas
Com um pó branco do fabricante
As páginas sabem doces – como leite aguardando a
Ferroada da pena
A tinta suja
E os intrometidos invadir os
Intrincados espaços do corpo virgem
Nas Costas
A lombada é tensa – costurada firme
Esperando dobras e quebras
Nas Nádegas
As páginas quedam lisas e frescas – os músculos
Macios das páginas
Nenhuma carne desnecessária
Foi encorajada a se exceder pelo tatear casual
O polegar úmido do leitor expectante ainda não marcou os tecidos
Delicados deste magro limpo sorridente volume
Separe-me
E abra-me à força
Para o prazer
TERCEIROLIVRO
O LIVRO DO IDIOTA
Garganta e Tórax Superior
Esta é uma caixa triste de um livro cheio de palavras
Mas com pouco significado
Ele soa oco quando se ausculta para entende-lo
Pois vago, vazio, e de olhos esbugalhados numa página
Ele fala algaravia e alto sem sentido no texto
Seus pulmões são ruidosos enquanto ele está silente
Ele é silente quando sopra e arqueja para fazer o maior barulho
Barriga
Talvez deveria haver paciência e pathos
Resevadas para este idiota congênito
Babando, chupando seu dedo
Digerindo seus pensamentos
Coçando sua cabeça e sua barriga
Procurando por pulgas entre as páginas de suas pernas
Mas tal simpatia e paciência são aqui desperdiçadas
Quadril e Braços
Ou talvez deva haver cuidado
E admiração secreta pelo livro-idiota
Que tem licença para falar a verdade através do humor
Um tolo pode, com proveito, esvaziar a presunção
Mas essa admiração é aqui desperdiçada
Costa Superior
Este livro não possui a virtude da ironia
Nem merece simpatia devida aos realmente loucos
Entre ruído alto e o silêncio não há nada de substancial.
Costas Inferior
Como você lê um tal livro?
Talvez você não leia ou não consiga
Talvez melhor – ele possa ser reutilizado, reescrito
Nádegas
Talvez deveríamos virar as costas a ele
Poderemos encontrar espaço
Entre sua maior prega de arrogância flatulenta
Para outro livro
Deveríamos retoma-lo para uma outra tentativa
Para que não seja largado e perdido
Esquecido em alguma prateleira baixa
Mantido como papel usado na privada
O livro seguinte, escrito num acadêmico cantonês idoso, que depois corre pelas ruas para escapar do atelier do Editor.
QUARTO LIVRO
O LIVRO DO IMPOTENTE
Peito
Este é um livro exausto devido a muita leitura?
Ou muita pouca leitura?
Tórax e Barriga
Dos cabelos da cabeça ao fim das unhas dos pés – as páginas
Estão marcadas com as nódoas do uso
Ou mal-uso
As palavras seriam mais bem lidas
Fora da página
As palavras ainda significam?
Costas
Há ainda um espaço
Entre os capítulos
Ou todos os assuntos embaraçaram-se?
Neste livro o índex de citações
É mais longo que o próprio livro
Essa vida tem muitas notas de rodapé
No todo, não passa de um pé chato
Sua alma mergulhada fundo
Em bolhas calosas e grãos
Nádegas e Posterior da Coxa
O maior ímpeto de vida deste livro
É muito freqüentemente bloqueado pela qualificação
Ele é limitado pelos seus "ses" e "mas"
E "ses" somente
E "entretantos"
Desculpas para uma vida que está preste a fechar
Suas capas pelo último momento
E, então, amarrotar-se na poeira
De uma não-vista
E "para-ser-lembrada-nunca" biblioteca