14/08/2008

FILMES E PSICANÁLISE...cont...

CRASH - NO LIMITE
Crash, Paul Haggis - 2004


Elenco: Brandam Fraser, Sandra Bullock, Don Cheaddle, Matt Dillon, Ryan Phillipe, Thandie Newton, Jennifer Esposito

Um filme envolvente com um roteiro especial, não só pela qualidade, mas também porque vai contra à cultura crítica, rasa e amoral, mas meio que mantendo o estímulo comercial.
Não há um papel principal, ou seja, nenhum ator é mais ou menos importante no contexto geral. Na realidade que o filme permeia, o que move os personagens é a evidência do preconceito e a xenofobia existentes na maioria dos corações norte-americanos. Me parece que a motivação não é a crítica à sociedade norte-americana (pois isto não é algo novo e não é também uma particularidade desta sociedade apenas, desde que o mundo é mundo as coisas são assim). Não há crítica, na verdade. Talvez, se eu fosse um pouco mais cruel, diria que Haggis ficou em cima do muro. Mas sinceramente não achei isto. Vejo que foi uma escolha consciente a dele, a de ser imparcial e deixar a crítica ao bel-prazer de cada um. Haggis mostra em quase todos os momentos como o homem transporta em si coisas tão desprezíveis, mas também muito de coisas nobres, podendo este alguém ir de um extremo ao outro quase que no mesmo momento. [Minha pergunta é : podemos nos considerar íntegros então?]
O Filme é sobre este cotidiano da vida moderna, da composição de uma sociedade formada por homens individualistas, onde abriga ignorância, racismo e estereotipagem de pessoas. "Crash" é uma palavra bem justa para o título, pois resume em si os encontros, os esbarrões das pessoas umas nas outras, grande ou não, que provoca de certa maneira um laço, um pequeno encontro pode se transformar num choque maior, tudo pode ter uma consequência, boa ou não. É assim que começa a narrativa, num destes acidentes de trânsito e a partir disto são contadas 36 horas que antecedem este momento. Começa tudo bem devagar, de maneira mansa, como no cotidiano nosso de cada um, apresentando os personagens, que não possuem nada em comum. E aos poucos vamos sendo inseridos pra dentro desta realidade, por meio do ritmo em que vai sendo mostrado cada um deles. Neste começo, fiquei tentando descobrir como é que todos os elementos [ uma dona de casa dondoca e seu marido promotor público (da alta sociedade), a empregada doméstica, um lojista persa e sua filha, um casal de detetives da polícia ( ele, afro-americano, ela, latina e que são amantes); um diretor de televisão e sua esposa afro-americanos abastados; um mexicano especialista em chaves e pai de família, dois ladrões de carros da periferia afro-americanos; um policial novato e seu parceiro veterano racista; um casal de coreanos de meia idade] iriam se encontrar, qual seria o encadeamento, o que levaria ao quê.

Há cenas que nos tiram o fôlego, acidentes, tiros, relações complicadas...enfim...é o que temos hoje na vida, não? É um prato cheio pra reflexão sobre voltar os olhos sobre nós mesmos, pois somos parte de um ciclo de ódio, até que ponto contribuímos pra isto e em que escala.
Isto sem falar na questão ética e também da verdade [ não a minha, ou a sua, mas a verdadeira...se é que existe isto].

Além de envolvente foi tocante. Acho que a música ajudou muito também neste sentido, a trilha é um ponto forte também.

2 comentários:

Anônimo disse...

A Dona deste site assistiu ao filme "Revolver"? Se não assistiu a senhora não sabe o que está perdendo! É psicanálise pura e com direito a comentários de especialistas no final.

Anônimo disse...

Nossa esse filme é muito comovente, chorei muito com cenas de partir o coração... assistam é ótimo...vlw